domingo, 26 de abril de 2009

Eu quem?


Um milhão de ideias
Um turbilhão de emoções
Novas e velhas
Renovadas e esquecidas
Novas experiências
Novos amores (?!?!)
Sentimentos antigos
Dúvidas permanentes
Uma certeza?
Já nem sei mais se ela existe
Às vezes sinto que não sei quem sou
Mas quem me conhece não me deixa esquecer

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Things that I’ve learned in the States


#01: Pijama também é roupa

Entre agosto de 2001 e julho de 2002 vivi uma experiência incrível. Foram 11 meses morando com uma família, a princípio, desconhecida, em uma cultura diferente e ao mesmo tempo fascinante, no país dos sonhos, em um estado homenageado em muitas músicas: a Califórnia. Isso tudo em plena adolescência. Não poderia ser melhor.

Apesar de ter passado praticamente 7 anos desde a minha volta, estes meses foram um divisor de águas na minha vida, e foi quando vivi momentos que até hoje influenciam a forma como ajo.

Encarar o pijama como qualquer outra peça do meu guarda roupa é uma delas.

A Califórnia é um estado que se destaca do resto do país. As pessoas lá são mais descoladas, comparadas à população americana de um modo geral. Eles estão mais acostumados com a miscelânea cultural, graças à mistura mexicana presente no estado. Diferente de muitos locais dos Estados Unidos, lá as pessoas querem conhecer e saber sobre outras culturas do mundo, mesmo que para isso elas tenham que fazer perguntas bestas do tipo “mas lá tem coca-cola?” ou “nossa, você conhece os Flinstones?”. Devido a essa cultura open-minded eles têm alguns hábitos estranhos, entre eles, usar pijama na rua.

É, aquele mesmo que você usa para dormir e, se a campainha toca e você está vestindo-o, normalmente você grita “mãããe, atende a campainha, eu tô de pijama”. Pois é, os californianos vão passear com seu pijaminha confortável, carinhosamente chamado de PJs. A minha mom adorava pijamas. Comprava-os, naquela compulsão americana pré-crise, aos montes, e tinha uma quantidade incrível deles. Supermercado, farmácia, posto de gasolina e até restaurantes de fast food. Qualquer lugar é plenamente aceitável ir com eles. No começo achava estanho e tinha certeza que era coisa dela, afinal, ela era uma mãe descolada e uma pessoa que definitivamente não se importava com a opinião alheia. Acreditei nisso até quando começou o inverno.

Habitantes de um estado conhecido por ter o sol brilhando sempre, os californianos gostam mesmo é do verão e quando chega a estação mais fria do ano, sabe qual é a primeira coisa que os adolescentes pensam ao acordar? Huummm meu pijama está tão quentinho, queria tanto ficar com ele! E assim o fazem. Dos nerds até os populares, passando pelo grupo estranho e dos imigrantes, nada mais comum do que encontrar um colega seu usando pijama e pantufa. Claro! Que sapato combina com um pijama? Quanto mais estranha e criativa for a pantufa, mais popular é o seu usuário, pode ter certeza!

No período que estive lá, nunca tive coragem de ir pra aula de pijama. Na verdade nunca pensei nisso, só lembrava que tal ato seria permitido socialmente quando chegava na escola e dava de cara com alguém vestido assim. Neste momento lembrava como eu estava confortável e quentinha na minha cama, mas aí já era tarde demais. Porém isso nunca me impediu de ir comprar leite no supermercado às 10 da noite com os meus PJs ou até mesmo atravessar três estados até chegar ao Texas, toda a viagem bem feliz de pijama.

Entre outros hábitos, trouxe este para o Brasil. E é engraçado perceber como a reação brasileira é muito parecida com a dos texanos (extremamente tradicionais): eles simplesmente não sabem como agir. Claro que não saio por aí de pijama, até porque isso seria como perguntar quem é o jogador de futebol americano mais popular da escola a um adolescente brasileiro, mas muitas vezes entro no elevador e vou até a garagem pegar alguma coisa no carro ou então vou até logo ali, na casa do meu pai, bem confortável com o meu pijama. Mas se no meio do caminho encontro alguém, essa pessoa definitivamente não sabe para onde olhar. Aliás, elas não sabem nem o que fazer. Imagino que elas devem pensar se elas conversam naturalmente, como se nada tivesse acontecido, ou se elas me avisam que eu esqueci de tirar o pijama. Por mais que a primeira opção seja a escolhida, elas não conseguem me olhar nos olhos para ter aquela conversinha de elevador.

Portanto, se você for meu vizinho e me encontrar por aí de pijama, não se preocupe, está tudo bem, pode conversar comigo sem ficar sem graça, ok?