sexta-feira, 28 de agosto de 2009

A minha camiseta velha

Tem certas coisas na vida que a gente não explica. Ontem uma amiga resolveu me perguntar de que tamanho que eu gosto dela, assim, feito pergunta de criança mesmo, que acha que sentimentos são mensuráveis. E ainda para piorar, ela achou que seria uma boa ideia comparar o tamanho do sentimento que tenho por ela com o sentimento que tenho por mais um monte de gente que ela sabe que eu gosto bastante. Foi depois deste episódio, e de tantos outros ocorridos ao longo das últimas semanas, que percebi que tenho um sentimento “camiseta velha”, aquele que ninguém entende, você não sabe explicar, mas você sabe que está ali e não quer se livrar dele.

Por que camiseta velha? É assim. Você tem aquela blusa há anos. Já não sabe dizer ao certo como era a sua vida antes dela existir, afinal parece que ela sempre esteve com você. Quando você vê fotos antigas, lá está ela. Você, com aquela carinha de criança e ela ali, ainda com cara de nova, sem marcas, cores vivas e vibrantes. Com o passar do tempo, as fotos em que ela aparece são de eventos menos importantes, sem aquele mesmo entusiasmo de algum tempo atrás. Alguns anos depois, ela não aparece mais nas fotos, mas continua no seu guarda-roupa. Campanhas do agasalho vêm e vão, os anos passam, sua mãe já falou para você dar aquela blusa, você não sabe nem dizer qual foi a última vez que você a usou, mas ainda assim ela não sai do seu guarda-roupa, nem por decreto. Você não usa, não empresta e não dá. Um sentimento que você sabe que é egoísta, mas não se sente mal por isso e sabe que não vai se livrar tão cedo da sua camiseta velha, afinal, abrir seu guarda-roupa e ver ela ali no fundinho te dá uma sensação de conforto e até mesmo uma certa nostalgia.



O tempo passa, mas certas coisas simplesmente não mudam.